Após 2 meses na prisão cumprindo pena por fraude do sistema de benefícios do governo Britânico, Paul Di'Anno, primeiro vocalista do Iron Maiden, retorna ao Brasil em sua nova turnê intitulada Running Free Again, com 10 apresentações passando por cidades do Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo e Paraíba. E foi na cidade de Santo André/SP, no Central Rock Bar que o Rock Express teve a oportunidade de conferir o que Paul reservou ao Brasil.
A abertura da casa ocorreu por volta das 21:00 e aproximadamente uma hora depois a banda Pastore subiu ao palco executando músicas do seu debut, intitulado "The Price for the Human Sins". A galera presente já era bem considerável e muitos fizeram questão de ficar em frente ao palco para acompanhar de perto a excelente performance da banda. Destaque para as músicas “Fallen Angel”, “Far Away” e para a belíssima balada “Horizons”, cantada com muito feeling pelo vocalista Mario Pastore que, ao lado de Raphael Gazal (guitarra), Alexis Gallucci (baixo) e Marcelo de Paiva, que estava substituindo o batera Fabio Buitvidas.
A banda tocou por aproximadamente 40 minutos mostrando muito entrosamento e vigor ofereceu a todos um heavy metal direto, bem executado e de ótimo bom gosto.
Após um breve intervalo, logo após as 23:00 sobem ao palco os gaúchos do Scelerata, que vem sendo pela terceira vez a banda de abertura e apoio do Paul Di'Anno no Brasil. Porém dessa vez o show serviu também para conhecermos o novo vocalista da banda Fabio Juan, que entrou na banda no final do ano passado. Abrindo o show com a música “Rising Sun”, feita em homenagem ao Japão e que será lançada no próximo álbum da banda que sai ainda no final desse ano.
O grupo apresentou durante 40 minutos outras composições próprias e uma cover do Judas Priest, “Hell Patrol”. Infelizmente o público presente não se empolgou tanto com a apresentação deles como aconteceu com a banda Pastore, apesar da ótima qualidade do som e das músicas. Uma pena que no Brasil ainda exista a idéia que banda de abertura não mereça atenção.
Eis que pouco após as 00:30, com a ajuda de um roadie, Paul Di'Anno é conduzido ao palco onde os músicos do Scelerata já o aguardavam. O show começa com a belíssima "Ides of March", seguida pela "Mad Man in the Attic" de sua carreira solo que serviu para agitar bastante o grande público presente.
Após algumas palavras de Paul agradecendo o público, dizendo que adora vir tocar no Brasil, o show seguiria com a clássica "Prowler", quando o microfone de Paul começa a falhar. Ok, o problema durou pouco tempo e tudo voltou ao normal, parecia apenas algum mau contato em algum lugar. Os músicos levaram bem na esportiva o fato, até que a falha ocorre pela segunda vez. E na terceira não foi apenas o microfone que parou, toda a luz do local se apagou por alguns segundos, como se tudo estivesse ligado na mesma tomada! Foi aí que a situação começou a ficar complicada, pois o próprio Paul ficou bastante indignado e a maioria do público foi na mesma onda e começaram a reclamar com o técnico de som, como se ele fosse culpado pela falha.
Para a situação não ficar ainda mais complicada e tensa, todos os técnicos da casa começaram uma verdadeira caça ao problema, revisando cada cabo, cada conector a fim de resolver definitivamente o problema. Enquanto isso, mesmo sem microfone e PA funcionando, os músicos acabaram entretendo o público com trechos instrumentais de algumas músicas do set.
É impressionante como as casas de show atualmente não se preocupam muito com a qualidade de seu equipamento e das condições que vão oferecer aos músicos que ali estão se apresentando. Chega a ser triste ver bandas de excelente porte e de nível internacional como o Pastore, o Scelerata e ainda uma lenda viva como Di'Anno se desdobrarem para tocar em um local cujo a base do pedestal do microfone precisa ser colada ao palco com SilverTape para evitar que caia sobre os próprios músicos. Acho que já passou da hora dos responsáveis por esses estabelecimentos repensarem seu modelo de negócio e começarem a investir mais em infra-estrutura e segurança. De nada adianta cobrar caro o ingresso se não oferecer em troca segurança, conforto e qualidade.
Problema resolvido, Paul retorna pedindo desculpas, avisa que o set sofreria algumas alterações por causa do imprevisto e voltam com "The Beast Arises", seguida por "Children of Madness", enquanto muitos ainda se preocupavam com a possibilidade da energia voltar a falhar. Felizmente o show segue até o final sem novos imprevistos e tivemos a oportunidade ainda de conferir Paul executando mais alguns clássicos dos 2 primeiros álbuns da donzela, como a belíssima "Remember Tomorrow", as poderosas "Wratchild" e "Killers" até terminar com a épica "Phantom of the Opera".
