Resumo do documentário sobre Woodstock
Woodstock Music
& Art Fair foi um festival de música realizado entre os dias 15 e 17
de agosto de 1969 na fazenda de 600 acres de Max Yasgur na cidade rural
de Bethel, no estado de Nova York, Estados Unidos. Anunciado como "Uma
Exposição Aq
uariana: 3 Dias de Paz & Música", o festival deveria
ocorrer originalmente na pequena cidade de Woodstock, mas os moradores
locais não aceitaram, o que levou o evento para a pequena Bethel, a uma
hora e meia de distância.
O festival exemplificou a era hippie e a
contracultura do final dos anos 1960 e começo de 70. Trinta e dois dos
mais conhecidos músicos da época apresentaram-se durante um chuvoso fim
de semana defronte a meio milhão de espectadores. Apesar de tentativas
posteriores de emular o festival, o evento original provou ser único e
lendário, reconhecido como um dos maiores momentos na história da música
popular.
Woodstock clamava pela paz, pela não proliferação de
armas, e nesse período a Guerra do Vietnã já havia matado milhares de
norte-americanos.
O ano de 1969 nos Estados Unidos foi festejado
em forma de contestação por grande parte da população norte-americana.
Anteriormente, não só o mundo, mas inclusive a grande potência econômica
mundial, enfrentou períodos conturbados como, por exemplo, o
assassinato do candidato à presidência Robert Kennedy e do líder negro
pacifista Martin Luther King; John Kennedy já tinha sido morto em 1963
quando era presidente. Era a esperança de tempos melhores indo por água
abaixo no país. Esperanças de mudar o quê? Ocorre que nesse período
valores relacionados à família, drogas,
sexualidade, direito das mulheres, raça, dentre outros, estavam sendo
questionados publicamente em todo o mundo. Ainda por cima, os Estados
tinha se metido numa guerra cada vez mais sem sentido e delicada, de se
retirar sem manchar sua imagem imperial; era a Guerra do Vietnã. De
fato, os Estados Unidos foram surpreendidos por uma nação minúscula e
miserável que resistiu à sua enxurrada armamentista, daquelas à la
ficção-científica que lhes é tão singular.
E quando dói
internamente, fato raro de acontecer ou omitido dos noticiários, quando
milhares de patriotas morrem ou são mutilados, começa a incomodar e
cogitar-se alguma disfunção na máquina que havia se metido em mais uma
guerra. A prepotência transformou-se em frustração sem fundamento, já
tinham usado mais bombas que em toda a II Guerra Mundial e
sistematicamente morriam pessoas de ambas as partes, então manifestantes
foram às ruas. Mas para compreender como isso repercutiu nos Estados
Unidos é preciso primeiro entender o porquê do conflito e que lugar é
afinal o Vietnã, país até então desconhecido aos olhos do mundo.
Esse
pequeno país localizado na Indochina tem um histórico de total opressão
que vem desde os primórdios, há mais de 500 anos, com a China e os
mongóis, até se tornar, a partir de 1858, colônia francesa. Como toda
lógica colonial, a França explorou sua população e os recursos naturais
da região, além de entupi-los de drogas
através do álcool e o ópio, tal qual no Brasil com o craque e a cocaína
nas camadas populares. Até que, em 1947, o Vietnã proclama sua
independência, curiosamente baseada nos princípios da constituição dos
EUA, seu próximo inimigo. Isso devido à perda de força da França, pelo
desgaste com a Alemanha na II Guerra Mundial e o Japão, adversário tanto
da França quanto do Vietnã. Os japoneses aproveitaram para explorar a
situação dominando o Vietnã, mas pouco depois são atacados em Hiroshima
com a bomba nuclear e os vietnamitas, enfim, se libertam. A festa dura
pouco, no ano seguinte a França volta e reivindicar sua colônia sendo
amplamente financiada pelos Estados Unidos, inimigo do Japão, que a
partir daí passa a ser determinante. É conflito para tudo quanto é lado e
o Vietnã nesse processo encontra-se em vias de transformações
sócio-culturais, comandadas pelo líder Ho Chi Min, cujo lema era simples
e extremamente eficaz: plantar (arroz), estudar e guerrear. Mesmo com
toda opressão os vietnamitas conseguiram culturalmente conscientizar
toda a população e gerar um nacionalismo bravamente resistente
independente da idade, sexo, ou o que quer que fosse.
Em 1956,
tendo forte mobilização popular e grande possibilidade de Ho Chi Min
subir ao poder de maneira democrática, ocorre a intervenção externa dos
Estados Unidos sob alegação de subversão interna, indo contra as leis
internacionais. Nessa altura já tinham conseguido dividir o Vietnã em
dois, Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. A conscientização da população
nativa chegou ao ponto de incomodar o primeiro mundo que, como sempre,
instalou uma democracia a sua maneira, independente dos interesses
locais.
O pretexto para a intervenção americana e estopim da guerra
foi um ataque vietcongue no Golfo de Tonquim em 1964. Um país
inexpressivo no cenário mundial e até então praticamente desconhecido
atacou as esquadras norte-americanas, que seria as mais poderosas do
mundo. Eis a história oficial, ao velho estilo ocidental. A partir daí
começou o genocídio.
No final das contas os Estados Unidos deram
um tiro no pé, apesar de escoar todo o depósito de sua indústria bélica,
pilar de sua economia. A situação foi ficando insustentável, mas os
meios de comunicação deram uma mãozinha, seguiram a procissão da
globalização ao distorcerem as informações, de acordo com seus
interesses comerciais; afinal, não vale a pena desprestigiar o Tio Sam,
portanto seu discurso foi legitimado. As conseqüências foram as piores, e
deixaram seqüelas até hoje nos dois países. As baixas são inestimáveis,
e a degeneração espiritual irreparável.
Essas foram algumas das
razões que fizeram o povo norte-americano ir às ruas. Em 1967 estudantes
fizeram a Marcha ao Pentágono, seguido de protestos na Convenção do
Partido Democrata. Os Panteras Negras lutaram pela igualdade racial,
jovens foram reprimidos ao se reunirem num parque que ficou conhecido
como o Parque do Povo, dentre outras agitações. Até que houve o auge das
manifestações, quando conseguiram aglomerar todas as discordâncias
àquele sistema num só lugar, o show conhecido mundialmente até hoje como
Woodstock, em agosto de 1969.
Ninguém mais agüentava guerras.
Tudo o que eles queriam era dar uma chance à paz. Resistiam ao serviço
militar, clamavam pela não proliferação de armas e para que a corrida
armamentista cessasse a fim de harmonizar a humanidade. A paz era uma
das principais bandeiras levantadas em Woodstock, junto a tantas outras.
Infelizmente, até hoje os Estados Unidos são os que mais vendem armas
em todo o planeta, sua indústria irradia a morte mundo afora. Nas
palavras de John Reed “as guerras crucificam a verdade”. Mas, enquanto
isso, o norte do hemisfério ocidental as forjam segundo seus interesses.
Fonte: 15/08/1969: nesta dia começava o Woodstock Music & Art Fair
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