"The King of Limbs", novo álbum do quinteto de Oxford, foi anunciado semana passada e pegou os fãs de surpresa, já que não havia comentário algum sobre a banda estar em estúdio. A expectativa entre os fãs e na crítica especializada chegou a níveis estratosféricos, com previsões já apontanto "The King of Limbs" como álbum do ano. Mas a coisa não é tão simples assim.
Como sempre, ouvir um disco do Radiohead continua sendo uma experiência sonora complexa. O novo álbum não foge disso. A audição de "The King of Limbs" é difícil, com faixas sem refrão e com estruturas diferentes daquilo que estamos acostumados. Talvez o charme de um trabalho do Radiohead esteja nisso mesmo, mas o fato é que não dá para entender "The King of Limbs" de saída. É um disco viajante, que leva o ouvinte para outra dimensão. Não é pop, não é rock, não é eletrônica, não é jazz, não é ambient, não é blues. É Radiohead, e tudo o que isso significa – tanto para bem, quanto para o mal.
“Bloom” tem um início esquisito, mas aos poucos o ar inóspito vai ficando para trás, revelando uma composição climática e perfeita para a abertura do álbum – e, muito provavelmente, também dos shows. “Morning Mr Magpie” é um loop hipnótico com boas linhas vocais, uma canção simpática que busca levar o ouvinte ao transe, mas precisa, indiscutivelmente, de sua cumplicidade para tal feito.
Instrumentos acústicos marcam “Little by Little”, em contraste com o clima eletrônico das duas primeiras faixas. Já “Feral” é uma instrumental com andamento quebrado e sons esquisitos, e que, muito provavelmente, funcionaria melhor como trilha, acompanhada de imagens, já que é uma composição muito mais sensitiva do que qualquer outra coisa.
“Lotus Flower”, o primeiro single, é a faixa mais audível de "The King of Limbs". Agrada de imediato, muito pela sua estrutura mais tradicional, ao contrário das outras, que vêm carregadas com a onipresente inovação e inquietação criativa do grupo. Linhas vocais grudentas de Thom Yorke sob uma base eletrônica resultam em um som agradável e reconfortante. Grande canção!
Um piano soturno inicia “Codex”, balada triste e climática. “Give Up the Ghost” é outra com sonoridade acústica, mas acaba passando a sensação de, literalmente, nunca acontecer para o ouvinte. O encerramento com “Separator” é outro bom momento de The King of Limbs, onde, mais uma vez, o uso de estruturas mais tradicionais torna a assimilação das ideias do grupo mais fácil para quem está do outro lado, tentando curtir o disco.
Dizem por aí que a versão disponibilizada pela banda para "The King of Limbs" seria, na verdade, apenas uma prévia do álbum, e que ele só estaria completo na versão dupla em LP que chegará às lojas em breve. Se for só isso mesmo, "The King of Limbs" é muito barulho por nada, já que suas oito canções – com exceção de “Lotus Flower” e “Separator” - ficam dando voltas ao redor do próprio rabo, revisitando conceitos já explorados pela banda anteriormente, e com a dose habitual de brilhantismo que nos acostumamos a ouvir.
Se for só isso mesmo – e tomara que o grupo nos surpreenda e revele mais material -, "The King of Limbs", ao invés do título de álbum do ano, é sério concorrente à decepção de 2011, infelizmente.
Faixas:
1 Bloom 5:14
2 Morning Mr Magpie 4:40
3 Little by Little 4:27
4 Feral 3:12
5 Lotus Flower 5:00
6 Codex 4:46
7 Give Up the Ghost 4:50
8 Separator 5:20
Nenhum comentário:
Postar um comentário